“Medicina do Trabalho 5.0”, tema principal da 29ª Jornada de Atualização do Médico do Trabalho e Comemoração dos 78 anos da ABMT, foi o assunto da palestra ministrada por Dra. Nadja Ferreira, diretora Técnico-Científica da Associação. A numeração, segundo ela, se deve ao fato da Medicina do Trabalho ser anterior à primeira Revolução Industrial. A publicação do livro As Doenças dos Trabalhadores, de Bernardino Ramazzini, considerado o pai da especialidade, ocorreu no século XVII. A primeira Revolução Industrial, que está na quarta fase, é após isso.
A palestrante destacou a importância da especialidade no contexto brasileiro, “essencial para o trabalhador, empresário e o governo”, além de atuar na promoção à saúde, prevenção de acidentes e doenças, reconhecimento de pessoas com deficiência, entre outras atribuições. “Medicina do Trabalho é o conjunto de ações na clínica ocupacional aplicada aos trabalhadores ditos normais, pessoas com deficiência e uso de tecnologia assistiva”, pontuou Dra. Nadja, acrescentando atribuições requeridas aos profissionais da área, como´ conhecimento técnico científico e de tecnologias sde ponta para exames complementares e “ética médica raiz”.
Os atos médicos mínimos também foram pontuados. Preenchimento do ASO, aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados, participação em CIPAT e SIPAT, elaboração de relatório analítico e participação em campanhas de saúde foram alguns dos pontos destacados por Dra. Nadja.
Entre os benefícios aplicáveis à área existentes hoje, a especialista destacou recursos como monitoramento coletivo de temperatura corporal a distância e identificação facial dos trabalhadores por área dentro da empresa. Entre os malefícios, ela pontuou a nomofobia, que acomete pessoas viciadas no uso de celulares.
Inteligência Artificial
Em seguida, Dr. Carlos Henrique Fernandes abordou Inteligência Artificial Aplicada à Prevenção da Saúde Ocupacional. Ele destacou que os médicos do trabalho dispõem das informações sobre a saúde dos profissionais por meio de exames e, se for o caso, acidentes, mas destacou que também é possível realizar um monitoramento mais detalhado por meio de ferramentas a serem usadas por essas pessoas e, assim, conhecer mais detalhadamente os riscos e o que de fato ocorre nas jornadas de trabalho.
O palestrante exemplificou com ferramentas como interpretação de variação sonora na voz das pessoas, o que permite a identificação de mudanças de padrão na voz e potenciais riscos relacionados à isso, como condições de estresse e grau de emergência. Outro recurso apresentado é a possibilidade de automatização de resultados de testes para diagnósticos relacionados à saúde mental. O mesmo se aplica ao uso de registros para identificar padrões hoje e usar essas informações no futuro. “É preciso ter preocupação com a coleta de dados hoje para construir o futuro”, destacou Dr. Carlos Henrique.
“A missão da inteligência artificial é pautar o médico do trabalho, subsidiá-lo”, destacou o palestrante. Ele também lembrou que os dados usados na área são pessoais e sensíveis, o que demanda a participação do médico na construção dessas soluções, mas com atenção a esse aspecto.