Os Indicadores Reativos e Proativos em Medicina do Trabalho foram o tema da live da Roda de Conversa com a ABMT realizada no dia 10 de dezembro. O gerente médico da P&G e coordenador do módulo de Epidemiologia do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho da USP, Dr. Fernando Akio, e o conselheiro Técnico Científico da Associação, Dr. Paulo Rebelo, debateram o assunto.

Dr. Fernando explicou as diferenças entre os dois tipos de indicadores. No caso do reativo, trata-se de informações sobre fatos já ocorridos, situações que já ocorrem entre uma população de trabalhadores. São mais fáceis de medir e auxiliam no estabelecimento de estratégias de ação e prevenção de novos casos.

Os proativos, por sua vez, mapeiam o que pode vir a acontecer e, com isso, os médicos do trabalho podem buscar oportunidades de prevenção de acidentes, adoecimentos ou queda de produtividade com intervenções específicas. Um exemplo, segundo Dr. Fernando, é que a OMS considera que em 2030 os transtornos mentais serão o principal causador de incapacidade no trabalho. Portanto, desde já, é possível desenvolver inciativas que previnam isso dentro das empresas.

Para que os programas de qualidade de vida sejam bem sucedidos, Dr. Fernando pontuou que é preciso definir os objetivos das iniciativas e os indicadores mais adequados aos objetivos traçados. Nesse contexto, Dr. Paulo explicou a importância das intervenções ocorrerem a partir de um momento “zero” para que as métricas obtidas sejam adequadas e a avaliação seja feita corretamente. Sem isso, Dr. Fernando explicou que não é possível avaliar o real sucesso da intervenção.

No caso de grandes empresas, o uso de informações dos programas de qualidade de vida de outras filiais em outros estados ou países para verificar se as iniciativas são coerentes. Esses dados não precisam ser necessariamente só números, assim como não precisam ser somente informações da área de saúde. Os setores de recursos humanos e jurídico podem ter dados, como pesquisa de clima, que podem contribuir para o programa de qualidade de vida. Além dos dados, é preciso verificar a recepção dos trabalhadores às iniciativas do programa. Entre as pessoas que podem ser consultadas para esse fim, estão os cipeiros.

Além do levantamento das informações, foi sugerido que os médicos tenham listado as principais ocorrências na empresa ao longo do ano para relacioná-las com eventuais mudanças nos indicadores e intervenções necessárias.

Em relação a indicadores de nível individual, Dr. Fernando ressaltou a importância do exame médico periódico, para o qual o trabalhador pode levar exames complementares ou responder um questionário prévio e falar das suas necessidades ao longo da consulta. Dessa forma, as recomendações são direcionadas de acordo com as demandas daquele paciente.

Para os casos de sucesso nos programas de qualidade de vida, a sugestão é convidá-los para participar do comitê de saúde como representante dos trabalhadores e atrair mais pessoas para a iniciativa. Além disso, Dr. Paulo lembrou que iniciativas desse tipo podem influenciar outras pessoas fora da empresa, como parentes dos trabalhadores. Dessa forma, o programa pode ser uma das formas de fortalecer a imagem da empresa.

A live sobre Indicadores Reativos e Proativos em Medicina do Trabalho pode ser acessada no perfil da ABMT no Instagram (@abmt_rio). Confira na íntegra aqui.