Grandes companhias e multinacionais com subsidiárias no Brasil acentuaram ações preventivas para evitar a contaminação do coronavírus no ambiente corporativo depois dos casos confirmados no país.
O vírus, que causa a doença batizada como covid-19, pode ser transmitido pelo ar – por meio de gotículas de saliva, espirro e tosse –, pelo contato entre pessoas e pelo contato com superfícies contaminadas.
Dada a facilidade do contágio, a preocupação com ambientes de trabalho vem crescendo. Ao redor do mundo, empresas repassam recomendações a funcionários, com diretrizes para prevenir a contaminação.
“As melhores medidas preventivas contra vírus respiratórios estão relacionadas a higiene. O médico do trabalho deve trabalhar em conjunto com os setores de comunicação, RH e facilities para comunicar a população sobre hábitos higiênicos”, explica Dr. Fernando Akio Mariya, gerente médico da Procter & Gamble e ex-diretor da ANAMT.
Higienizar as mãos, lavar alimentos antes de consumir, evitar tocar a face, usar utensílios descartáveis e sempre cobrir espirros ou tosse para evitar a dispersão de gotículas são algumas dessas recomendações.
A comunicação pode ser por e-mail, TVs, quadros de avisos, panfletos, vidros e portas dos boxes de sanitários, papel toalha das bandejas dos refeitórios, entre outros.
Por serem espaços de bastante convivência entre os funcionários, alguns setores estão mais expostos a contaminação. “É importante recomendar o aumentar da frequência de limpeza das áreas comuns e que a empresa disponibilize álcool em gel em áreas estratégicas, como hall de elevadores, pontos de encontro, salas de reuniões, sanitários e refeitórios”, aconselha.
Gestão de SST
Em momentos de crise como o atual, a gestão das ações de Saúde e Segurança do Trabalho deve ser feita com ainda mais atenção. Para o especialista, o médico também pode realizar palestras ou sessões de esclarecimento de dúvidas.
“Ele deve também informar a liderança sobre o plano de contingência ou de continuidade do negócio para os diversos cenários, em caso de epidemias ou ocorrências confirmadas dentro da empresa e viajantes”, observa.
Alguns grupos de trabalhadores também merecem atenção especial por parte desses profissionais. A equipe médica, brigadistas e socorristas, seguranças, recepcionistas, equipe de vendas e representantes de produtos farmacêuticos, merchandisers de varejo, técnicos de serviço de campo viajantes e equipes de limpeza devem ser monitorados pela equipe de saúde ocupacional.
Exemplos de ações de empresas
Por causa do aumento de casos de coronavírus no Brasil, grandes empresas têm permitido ou determinado que seus funcionários trabalhem de casa, em esquema de home office.
Em outras, a postura inclui atualizações sobre o vírus divulgadas em e-mails e grupos de WhatsApp, cartilhas com recomendações sobre prevenção, trabalho remoto, cancelamento de viagens internacionais e restrição de voos domésticos.
Na última sexta-feira, 6, a Mastercard confirmou que um funcionário do escritório de São Paulo está entre os dez infectados pela doença no estado.
Companhias como a Amazon, Nestlé e Bayer recomendaram que os funcionários substituam reuniões internacionais que demandam viagens por videoconferências.
Por isso, a empresa fechou o escritório que mantém na capital e recomendou aos colegas que tiveram contato com o paciente e que apresentarem algum tipo de sintoma buscarem atendimento médico, além de cumprir o período de afastamento de 14 dias.
“Eles só retornarão ao escritório após esse período e desde que eles — ou qualquer membro da família — não estejam doentes ou apresentando os sintomas”, informa a empresa em nota.
No último dia 28, a filial brasileira da Nestlé também recomendou o trabalho de casa para seus funcionários que estiveram em áreas consideradas de risco e que cancelem viagens marcadas a trabalho.
Não há, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), indicação para que pessoas passem a trabalhar remotamente por risco de serem infectadas pelo vírus. Ficar em casa, na visão do órgão, é indicação apenas a funcionários que sintam um ou mais sintomas que possam indicar a enfermidade.
Dr. Fernando Akio Mariya durante palestra no Congresso da ABMT 50 Anos
De acordo com o Dr. Fernando, em caso de confirmação dentro do ambiente de trabalho, a empresa deverá:
- Isolar imediatamente o funcionário;
- Iniciar e manter as precauções de controle de infecção – isolamento do setor do funcionário para higiene do local;
- Notificar a Vigilância Epidemiológica para avaliação médica e cuidados adicionais;
- Notificar os contactantes sobre a situação e acompanhar sinais e sintomas. Reforçar as medidas de higiene.
A lei com medidas para conter o coronavírus, sancionada em 6 de fevereiro, prevê que a ausência laboral pela suspeita de contaminação seja considerada falta justificada. O Ministério da Saúde oferece um fluxograma para atendimento e detecção precoce do covid-19.
No Rio
De acordo com a secretaria de saúde, o terceiro caso confirmado é de uma mulher de 42 anos, que mora no Rio e acompanhou a paciente que teve a confirmação da doença no sábado (7) em viagem à Itália. Os primeiros sintomas apareceram um dia após o retorno ao Brasil, que aconteceu no dia 4 de março.
Ela já estava sendo monitorada por profissionais da vigilância da secretaria, em parceria com o órgão municipal. O estado de saúde da mulher é estável e ela está em isolamento domiciliar.
Além dos três casos já confirmados no estado, há outros 111 suspeitos.