A ‘Síndrome de Burnout e nexo ocupacional’ foi o tema do webinar realizado pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), em parceria com a ABMT, no dia 10 de março, transmitido pelo canal da ABQV no Youtube. O debate contou com três especialistas e foi mediado por Dra. Karla Kurtz, especialista em medicina do trabalho, gestão de saúde e promoção de saúde e qualidade de vida.

O presidente da ABMT, Dr. Gualter Maia, participou da abertura do encontro ao lado da diretora científica, Dra Nadja Ferreira, diretora científica da ABMT, uma das palestrantes convidadas. “Esperamos dar prosseguimento a essa parceria”, destacou Dr. Gualter ao convidar a audiência a visitar o site da entidade.

Dra. Karla explicou que é a segunda vez que o tema é debatido pela ABQV, a primeira foi em janeiro, e não descartou a possibilidade de novos encontros sobre o assunto, tão em voga no momento, principalmente depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout na CID 11, em vigor desde janeiro. “O Burnout passou a ter um destaque nas mídias e se tornou uma fonte de muita preocupação para as organizações, principalmente quanto a questão do nexo”, observou a médica.

Segundo Dr. João Silvestre da Silva-Júnior, o Burnout é traduzido para o português como esgotamento profissional e não é uma situação nova. “Esse esgotamento já é discutido desde a segunda metade do século XX, quando vários pesquisadores já discutiam os efeitos dos estressores cotidianos e crônicos do trabalho, que levam ao desgaste na vida do indivíduo”, destacou o especialista, que é médico do trabalho, doutor em Saúde Pública, professor e pesquisador e perito médico federal do Ministério do Trabalho e Previdência.

Na visão do Dr. João, não se deveria discutir tanto o quanto se deve tentar adaptar o trabalhador ao trabalho, mas o inverso. “Se o trabalho é o fator que adoece, não adianta dar ferramentas para estimular essa tal resiliência se o estressor está permanente naquela situação de trabalho. Devemos evitar que o Burnout aconteça e adaptar o trabalho às capacidades daquele trabalhador”, defendeu o médico.

Por sua vez, Dra. Nadja disse que um fator de preocupação, que contribuiu com o Burnout é a falta de respeito entre colegas de trabalho. “Existe muito conflito no ambiente de trabalho”, ressaltou a médica. “Há quem ache que só ele é importante, que tem razão, que tem que ser respeitado e o outro não. Essa parte emocional tem que ser tratada”, defende a especialista em medicina do trabalho, em reumatologia, medicina legal e perícia médica, professora, perita, com mais de 40 anos de experiência profissional.

Dra. Nadja alertou também para uma questão de ordem prática. Ainda não existe tradução oficial da CID 11, de forma a permitir as inserções nos sistemas da Previdência, da Justiça, entre outros, inclusive no eSocial, para onde todos os eventos médicos dos trabalhadores deverão migrar.

Dra. Fátima Macedo, psicóloga especialista em saúde mental no trabalho e membro do Conselho Deliberativo da ABQV,, disse que, historicamente, as questões relacionadas ao adoecimento mental eram colocadas como uma responsabilidade do indivíduo. Entre as décadas de 70 e 80, a preocupação era tornar o indivíduo mais resiliente, para que conseguisse lidar com o ambiente de trabalho.

“Temos uma mudança significativa quando se começa a olhar para dentro do ambiente de trabalho e para a organização do trabalho e o quanto contribui com o estresse ocupacional, que é anterior ao Burnout. Podemos considerar o Burnout como uma espécie de fim da linha de um estresse ocupacional. Alguns autores vão falar que ele é a cronificação desse estresse ocupacional, pontuou a psicóloga.

A transmissão na íntegra pode ser vista abaixo: