A medicina do trabalho pode ser definida como a especialidade médica que lida com as relações entre a saúde dos trabalhadores e suas profissões. Sua atuação visa não somente a prevenção das doenças e dos acidentes do trabalho, mas a promoção da saúde e da qualidade de vida.
A especialidade tem por objetivo assegurar ou facilitar aos trabalhadores a melhoria contínua das condições de saúde, nas dimensões física e mental, e a interação saudável entre as pessoas e, estas, com seu ambiente social e o trabalho. Compete ao médico do trabalho avaliar e detectar condições adversas nos locais de trabalho, ou sua ausência.
O dia 4 de outubro é celebrado como o Dia do Médico do Trabalho por ser a data em que, em 1633, nascia o médico italiano Bernardino Ramazzini. Em sua clássica obra De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores, em versão traduzida para o português por Raimundo Estrela), o pai da especialidade relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores.
Observando as queixas de seus pacientes e seus ofícios, Ramazzini identificou que o trabalho pode ser um determinante do processo de adoecimento. Ao discorrer sobre as doenças de diversas profissões, revela os primeiros indícios de uma prática médica direcionada ao estabelecimento de diagnósticos de doenças ocupacionais.
Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, desencadeou transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas e, consequentemente, deu novo impulso à medicina do trabalho. No Brasil, o crescimento das indústrias resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos e novas preocupações para a gestão pública. É nesse cenário que surge no país, em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as primeiras referências à higiene e segurança no trabalho.
Desde então, acompanhando as mudanças e exigências dos processos produtivos e dos movimentos sociais, suas práticas têm se transformado, incorporando novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva interdisciplinar, delimitando o campo da saúde ocupacional e, mais recentemente, da saúde dos trabalhadores.